T. põe um ar sério de quem vai fazer a confidência da sua vida:
"Sabes, eu sou o Homem Aranha!"
Escondendo o fato, aquele que tem superpoderes, por baixo da roupa normal ele prepara-se para enfrentar vilões.
A cabeça de T. dá-me mais ou menos pelo umbigo. Quando ultrapassar, em tamanho, a minha própria cabeça, será que vai esconder a roupa normal por baixo da de algum musculado e todo poderoso super-herói? E quando descobrir que as roupas, além de tecidos, linhas, fechos e botões (o.k., e MARCAS, sedutoras, estonteantes MARCAS), não trazem mais nada; que é na nudez da alma que reside a força mas que é também nos lugares recônditos e sombrios, aterradores e magnéticos do coração humano que se escondem todos os nossos vilões, que lutas empreenderá? E estarei lá e poderei dizer, naquele tom de voz que só as mães têm, "pronto, não foi nada, já passou"?
Foto: Maria Pragana
1 comentário:
E quando ele, aterrado, me confessou :"Não sei o que se passa, mas não consigo tirar as teias das mãos!", será que é nele que pensa, ou no pequeno/grande herói em que se irá transformar um dia, quando a cabeça já ultrapasse a da Mãe e, cheio de orgulho, lhe dirá: "Não foi nada, Mãe, não te preocupes, isso já passa!"
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