turning, turning
your words inside out
trying to find you
behind them
missing your eyes
missing the line
of your lips
dreaming the touch
of your hands
will they burn
sweet and firm
why does time
slow down
when you're not around
29 abril 2006
27 abril 2006
From a mouth of a girl like me to a boy *
a janela aberta sobre a cidade
todas as ruas todas as moradas
espraiando-se
um mar de possibilidades
se passásse um eléctrico
sei que iria entrar nele
apear-me em tua casa
dar-te um beijo
ficar o instante de um abraço
sentir a vida que pulsa em mim
desde que é primavera
desde que sou silvestre
e cresço sem cuidados
tenho pétalas em chamas
perfume como um presente
sentar-me a teu lado
no eléctrico dos desejos
saber que partir contigo
é regressar um pouco mais
à minha própria casa
chamar-te sem medo
o eterno nome dos amantes
Foto: Lisboa: Eléctrico, Gianfranco Iannuzzi
*Bjork - Vespertine - "Cocoon"
26 abril 2006
Life at the palm of my hand
maybe
the time's come
to look at you
and wonder
wether you want
to walk along
by my side
showing me the view
from your window
while I tell you
tales from mine
Foto: Maria Pragana
http://everythingtori.com/go/galleries/view/546/1/458/albums
25 abril 2006
O teu nome
vejo o teu nome
e descubro
que já está inscrito
ao de leve
sobre a minha pele
a tinta de luz
banha suave
o meu corpo
com o perfume
de palavras trocadas
e descubro
que já está inscrito
ao de leve
sobre a minha pele
a tinta de luz
banha suave
o meu corpo
com o perfume
de palavras trocadas
23 abril 2006
É hoje o dia que chega
é hoje o dia
quero a casa varrida
pelo sol e sim a
azáfama dos pássaros
pela manhã
a franqueza do pão
sobre alva toalha
verde por entre os telhados
pespontos de margaridas
na erva a preguiça
ronronante dos gatos
o vento morno na pele
quero a casa varrida
pelo sol e sim a
azáfama dos pássaros
pela manhã
a franqueza do pão
sobre alva toalha
verde por entre os telhados
pespontos de margaridas
na erva a preguiça
ronronante dos gatos
o vento morno na pele
21 abril 2006
Little earthquakes
do outro lado dos fios
uma incógnita
uma surpresa
a cada passo
dedos em câmara lenta
partilhando
ínfimos sobressaltos
uma incógnita
uma surpresa
a cada passo
dedos em câmara lenta
partilhando
ínfimos sobressaltos
19 abril 2006
She's been everybody else's girl, maybe one day she'll be her own*
ah, mais um cordão que devo cortar
tirar-te de dentro de mim
ainda que há muito te soubesse
distinto e distante
separar as moradas
já que há muito que as vistas
são diferentes
ficar à janela
a ver quem passa
tecendo novos cordões
percorrer novos labirintos
Penélope e Ariadne
esperar que algures
na ponta do fio
eu me encontre
*"Girl" - Little Earthquakes - Tori Amos
Person at the Window, Salvador Dali
12 abril 2006
Em Buarcos rochas como barcos (para T.)
e duma rocha fizémos um barco
e navegámos no alto mar
passaram-se segundos
passaram-se anos
aventurámo-nos nos sete mares
descobrimos tesouros
guardados dentro de nós
e em cada pegada na areia
reluziam grãos de oiro
do tempo que sonhámos juntos
e navegámos no alto mar
passaram-se segundos
passaram-se anos
aventurámo-nos nos sete mares
descobrimos tesouros
guardados dentro de nós
e em cada pegada na areia
reluziam grãos de oiro
do tempo que sonhámos juntos
Visão cor-de-rosa sobre o asfalto negro
sobre o asfalto, regorgitando quilómetros
olho descrente a paisagem, a chuva
monotonamente descaindo pelo pára-brisas
deixo para trás auto-estradas de possibilidades
enveredo pelo mesmo velho beco sem saída
na moldura da janela de repente
um homem e uma mulher numa mota
debaixo da chuva que se entranha
rasgando o vento com o corpo
um ninho num bolso dum blusão
onde ele guarda no calor da mão
a mão da mulher que viaja com ele
e nesse instante pergunto-me
se não será isto o amor
olho descrente a paisagem, a chuva
monotonamente descaindo pelo pára-brisas
deixo para trás auto-estradas de possibilidades
enveredo pelo mesmo velho beco sem saída
na moldura da janela de repente
um homem e uma mulher numa mota
debaixo da chuva que se entranha
rasgando o vento com o corpo
um ninho num bolso dum blusão
onde ele guarda no calor da mão
a mão da mulher que viaja com ele
e nesse instante pergunto-me
se não será isto o amor
09 abril 2006
Anikibabá, anikibobó
Anikibabá, anikibobó
Passarinho, totó
Cavaquinho, berimbau
Salomão, sacristão
Tu és polícia, tu és ladrão
se pudesse levantar uma pontinha que fosse
do véu, da pele, da carne
dos que perante meus olhos desfilam
descobrir que sonhos embalam no berço
que penas lavam a diário para que não enegreçam
vestir-lhes a pele a ver se caibo dentro
espreitar no telescópio as bordas dos seus universos
delete
poder supremo concentrado numa imbecil tecla
que sei eu do peso das suas existências
talvez devesse dar a todos o meu cartão
convidá-los para um grande banquete de sopa e pão
Foto: MGM Studios, 1939 by Edward Weston
Paixão - Páscoa
07 abril 2006
Eu sou o Homem Aranha
T. põe um ar sério de quem vai fazer a confidência da sua vida:
"Sabes, eu sou o Homem Aranha!"
Escondendo o fato, aquele que tem superpoderes, por baixo da roupa normal ele prepara-se para enfrentar vilões.
A cabeça de T. dá-me mais ou menos pelo umbigo. Quando ultrapassar, em tamanho, a minha própria cabeça, será que vai esconder a roupa normal por baixo da de algum musculado e todo poderoso super-herói? E quando descobrir que as roupas, além de tecidos, linhas, fechos e botões (o.k., e MARCAS, sedutoras, estonteantes MARCAS), não trazem mais nada; que é na nudez da alma que reside a força mas que é também nos lugares recônditos e sombrios, aterradores e magnéticos do coração humano que se escondem todos os nossos vilões, que lutas empreenderá? E estarei lá e poderei dizer, naquele tom de voz que só as mães têm, "pronto, não foi nada, já passou"?
Foto: Maria Pragana
"Sabes, eu sou o Homem Aranha!"
Escondendo o fato, aquele que tem superpoderes, por baixo da roupa normal ele prepara-se para enfrentar vilões.
A cabeça de T. dá-me mais ou menos pelo umbigo. Quando ultrapassar, em tamanho, a minha própria cabeça, será que vai esconder a roupa normal por baixo da de algum musculado e todo poderoso super-herói? E quando descobrir que as roupas, além de tecidos, linhas, fechos e botões (o.k., e MARCAS, sedutoras, estonteantes MARCAS), não trazem mais nada; que é na nudez da alma que reside a força mas que é também nos lugares recônditos e sombrios, aterradores e magnéticos do coração humano que se escondem todos os nossos vilões, que lutas empreenderá? E estarei lá e poderei dizer, naquele tom de voz que só as mães têm, "pronto, não foi nada, já passou"?
Foto: Maria Pragana
06 abril 2006
I'm gonna make a mistake, I'm gonna do it on purpose*
vou deixar escorrer a minha seiva pelos circuitos electrónicos globais
vou afixar-me em todas as paredes cintilantes do mundo, vaguear por retina incerta
vou estender-me na rede, perder a virtude nos corredores virtuais
vou beijar as teclas como se fossem gente, fazer downloads de gente como se fossem teclas
vou acariciar a face do ecrã, vou clicar no teu rosto
vou escrever as letras da minha música, mesmo com erros
vou
voo
Jon J. Muth in The Mythology of an Abandoned City
*"A Mistake" - Fiona Apple - When the Pawn
vou afixar-me em todas as paredes cintilantes do mundo, vaguear por retina incerta
vou estender-me na rede, perder a virtude nos corredores virtuais
vou beijar as teclas como se fossem gente, fazer downloads de gente como se fossem teclas
vou acariciar a face do ecrã, vou clicar no teu rosto
vou escrever as letras da minha música, mesmo com erros
vou
voo
Jon J. Muth in The Mythology of an Abandoned City
*"A Mistake" - Fiona Apple - When the Pawn
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