10 janeiro 2009

descaradamente copiado do blogue casadeosso, que me tolere o autor o ponto de ousadia a que chegou a admiração

«vinha pedir-lhe amor, como se fosse um pouco de arroz ou assim. é porque também precisaria de pouco. a mim qualquer coisa me basta e vindo de si, juro-lhe, o vir de si já seria mais do que suficiente. não me considere disparatado. pode ser um disparate o que faço, mas é de um juízo grande tudo o que fazemos para ir de encontro ao coração quando o coração está certo»

08 janeiro 2009

declaração suave

e se tenho saudades tuas
se gosto do teu ombro
cortando legumes ao lado do meu
se me apazigua a tua vigília
quando o meu sono se acaba
se se me excitam as papilas gustativas
por ser a comida servida pelas tuas mãos
se me falam as ruas da cidade
por se acompanharem do ritmo dos teus passos
se ganha brilho estelar o meu corpo
com a proximidade da tua pele

06 janeiro 2009

tenho dois ouriços do mar
dois fragmentos de algas
vegetais alvéolos
de respiração marítima
como dote duas mãos
capazes de colher inutilidades
aos meus olhos tontos
as únicas que importam

(in)sana

e a hora veio
em que me liquidifiquei
escoando-me da cama
até à sanitária foz
dos esgotos
houvesse uma gloriosa central
de requalificação das águas
capaz de reciclar-me o sangue das veias
e poderia talvez retomar
a circulação eficiente
dos vivos
em vez disso perco-me
de cada vez que vou ao mar
desagrego-me em partículas salgadas
ambicionando ser tomada
no bico das aves marítimas
e abastecer-lhes os voos
para que não importasse
a longitude dos meus braços
evaporo-me agora
com o calor central da casa
escorro pelas frestas do soalho
e quando acordares
estarei de ossos encharcados
pergunto que abraço teu
me circundará então

02 janeiro 2009

Não, não sou eu, são os meus ouvidos que querem escutar-te, os meus olhos que esperam ver-te, a minha pele que senta a falta do teu calor.
Não sou eu, é o meu peito que deseja encaixar-se nas tuas mãos, as minhas pernas que anseiam alinhar-se com as tuas, a minha boca que tem vontade de beber-te a saliva.
Não sou eu, é tudo em mim a sentir saudades.