Erra, erra, navegante
vai de porto em porto
buscando estrela que te guie
e em cada cais que atracares
não deixes de procurar nos bares
por entre nuvens de fumo
sonhos que nem tu próprio conheces
Deposita o teu desgosto
no fundo de um copo vazio
deambula pelas ruas
chamando com teu corpo gelado
um outro qualquer ardente
que num firme abraço iluda
a solidão que te povoa
Ó velho homem do mar
não há tempestade que temas
nem vento a que não faças frente
toma o leme, marinheiro
não deixes que o barco se perca
nesses mares sem fim
Manda no teu barco, capitão
leva-o para mar calmo
ancora-o em porto seguro
ou então deixa que vá à deriva
e parta como sempre faz
que sempre a terra vai dar
Ai, navegante, leva-me contigo
larga-me nas ondas doidas
que elas cuidarão de mim
não vês que tenho que partir
não reconheces os traços
de quem tem a alma instável?
Leva-me para lugares estranhos
não me faças perder tempo
que está na hora de zarpar
solta as amarras, faz-te ao mar
iça as velas e deixa-as
que inchem até rebentar