sou a mulher barbuda
a anã, a amputada
perdi mais braços
do que os que tinha
faltam-me as pernas de andar
prendada me vou cosendo
após cada orgão extirpado
é o fado da fada do lar
emparedar-se-lhe a pele
abrigarem-se sob a língua
hóspedes breves e líquidos
que se evaporam
aos primeiros raios da manhã
29 junho 2009
25 junho 2009
nocturno
embrulha-me a noite num casulo
onde chegam longínquas vozes
cantares de insectos nocturnos
ao longe rasgões de fogo
e a borboleta em que nunca me torno
nem quando pairam beijos no ar
(se é que há beijos a pairar)
de mim só se vêem os ombros
quando se inclinam cabeças
de choro a madurar
e fica a boca por beijar
onde chegam longínquas vozes
cantares de insectos nocturnos
ao longe rasgões de fogo
e a borboleta em que nunca me torno
nem quando pairam beijos no ar
(se é que há beijos a pairar)
de mim só se vêem os ombros
quando se inclinam cabeças
de choro a madurar
e fica a boca por beijar
20 junho 2009
nem o sol, nem a azáfama dos dias
conseguem evitar as palavras
já vezes sem conta usadas
para lavar recordações
volto ao sentimento tantas vezes descrito
onde se juntam todos os fins
que na minha história são tantos
sou eu própria sempre por terminar
maldigo a costela de adão
a espetar-se-me no peito
oxalá fossem suficientes
as pontas dos meus cabelos
para impedir a queda
inevitável quando as penas
sobrecarregam os braços
já não alados, desencontrados
daquilo que chamam céu
conseguem evitar as palavras
já vezes sem conta usadas
para lavar recordações
volto ao sentimento tantas vezes descrito
onde se juntam todos os fins
que na minha história são tantos
sou eu própria sempre por terminar
maldigo a costela de adão
a espetar-se-me no peito
oxalá fossem suficientes
as pontas dos meus cabelos
para impedir a queda
inevitável quando as penas
sobrecarregam os braços
já não alados, desencontrados
daquilo que chamam céu
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